
José Ricardo Marques
Um Sonhador
Há muito o que falar e se lamentar.
Estamos vivenciando um dos mais tristes episódios já produzidos na história republicana e provavelmente uma das mais estarrecedoras, engendradas através da política e dentro do centro administrativo brasileiro.
Brasília ainda não justificou sua criação e sua história, é farta de escândalos e descalabros, na condução com interesses escusos, deixando de milhões de brasileiros a mercê de ações criminosas de homens que se beneficiam do poder.
Não devemos - brasileiros que decidiram vir de outros estados para aqui morar e construir suas esperanças ou os já mais de 48% de uma geração nascida no Distrito Federal - festejar este momento insólito, de dor e constrangimento, mas, trabalhar para mudar de fato, reinventar a Capital do Brasil, mergulhada em poço de lama e enxofre.
Precisamos de um novo Juscelino, com sua coragem, com seu coração, com seu sonho e trazer para o centro do país desenvolvimento e riquezas geradas pelo trabalho honesto.
Reinventar com homens novos, tirar do cenário e dos vídeos políticos que não merecem mais a confiança do povo, devemos sim, aproveitar este momento para acompanhar o julgamento e o peso da lei, mas responder nas urnas, com um clamor pela moralidade, pelo novo.
Todos fomos afetados, todos que moram e trabalham em Brasília, todos que respiram, que correm, que estudam, que oram...
Se houver uma pesquisa nacional, provavelmente, Brasília será a cidade mais odiada pela população e, se perguntado sobre sua implosão, o Brasil dirá que é a favor.
Não temos mais clima para comemorar meio século de sua criação, por isso, conclamo a população a estar de preto no dia 21 de abril de 2010 e festejar nas próximas eleições, alterando a rota de um projeto de destruição do arrojo honesto dos que vieram para criar um modelo diferente. Não temos o direito de denegrir a memória de homens que lutaram durante anos e séculos para que Brasília existisse.
Não podemos fugir da profecia, da predestinação do leite e do mel.
As instituições estão corrompidas, o executivo, o judiciário, o legislativo, empresas de setores importantes da economia. Seremos todos cúmplices se ficarmos passivos, calados diante de uma verdadeira catástrofe institucional.
Existem pessoas que querem fazer uma política de desenvolvimento sério, sem precisar de recursos escusos e ilegais, existem empresários sérios na cidade, que por não participar de projetos criminosos tem dificuldade em sobreviver, mas o fazem com honestidade, existem movimentos sociais que se preocupam com os mais pobres, sem se beneficiar com vantagens eleitoreiras.
É uma grande oportunidade para reinventarmos a nossa capital, sermos todos Juscelino, de mãos dadas, nos comprometermos em mostrar para o Brasil e o mundo que sim, é possível!
Não podemos simplesmente assistir ao noticiário as cenas de um filme de terror que transforma pesadelo em realidade, devemos nos encher do espírito de nacionalidade, pois é isto que está em jogo, temos uma responsabilidade imposta pelo Brasil e não podemos deixar a nação perder, também, a esperança e expectativa de novos tempos.
Brasília está sem governo e governabilidade, acabou!
Até as próximas eleições e um novo governo, todos vamos sofrer, a economia local, dependente do mercado governo, não funcionará, estamos em um crise institucional grave. Todos seremos afetados, não haverá investimentos de nenhuma espécie.
Devemos recriar até as instituições religiosas, sugiro que não tenhamos pastores candidatos e que os mesmos atuem para proteger os pilares da igreja.
Sugiro que tenhamos que nos voltar, sem prévio julgamento, a uma renovação de 100% do cenário político.
Sugiro que possamos reforçar nossas estruturas empresariais em setores como tecnologia da informação, na construção civil, na comunicação, aliás, precisei comprar os jornais de outros estados para acompanhar as notícias locais e de repercussão internacional.
Este é o momento de um novo tempo de uma nova geração, é o tempo da mudança, do respeito à memória de muitos que morreram por este sonho da concretização.
Este é um momento que não devemos festejar, não devemos sambar com a Beija Flor, e sim preparar, como dizia nosso poeta: Preparar o Futuro da Nação